Cidade do Vaticano (RV) – Qual a transformação das mídias tradicionais diante do fenômeno das redes sociais? Este e outros questionamentos estão sendo tratados no seminário “O estado das mídias”, que reúne no Centro de Estudos Americanos, em Roma, alguns dos mais importantes jornalistas estadunidenses. A Rádio Vaticano perguntou ao Vice-Presidente da CNN, Ed O’Keefe, sobre o estilo comunicativo do Papa Francisco:
Ed O’Keefe: “É interessante. O Papa Francisco é um personagem-fenômeno global tão imensamente popular, que não tem necessidade da grande mídia. Pode chamar uma agência de informação argentina, com pouca visibilidade, antes que conceder uma entrevista a uma grande rede. Não tem necessidade de uma grande entrevista global. Qualquer que seja a sua mensagem, expressa por meio de um telefonema a uma pessoa qualquer do mundo, ou falando a um pequeno jornal, receberá atenção a nível mundial. É um comunicador global. Creio que tenha bem claro o poder imenso do fato de ser “acessível”, de mostrar um lado mais “pessoal”, de “expor-se” em um modo que não tínhamos nunca visto antes”.
RV: Talvez tenhamos visto isto com João Paulo II...
Ed O’Keefe: “Provavelmente sim... Quer dizer, conheci um certo número de jornalistas que naquele tempo seguiram a atividade de João Paulo II e eles tiveram longas conversas muito simples com o Papa. Viajaram ao exterior com ele e falaram com ele, porque no avião ele ia encontrar os jornalistas e nos falava, eram longas conversações... Era “acessível” e não tinha medo de encontrar a imprensa e de comunicar idéias, quem sabe antes ainda que fossem totalmente formadas. Não é que necessariamente, porque disse o Papa, necessariamente deva tornar-se Doutrina da Igreja. Mas se tens medo de dizer alguma coisa, nunca conseguirás alinhavar um diálogo. E, publicamente, ele não tinha medo de mudar as coisas e de animar o diálogo”.(JE)
Fonte: Rádio Vaticano