Secretário
de Comunicação da Santa Sé faz um balanço da importância da presença do Papa Francisco
no Instagram
O Papa Francisco superou a marca de 5 milhões de seguidores, em dois anos de presença digital no Instagram, com a conta @Franciscus. Toda semana as imagens
publicadas são visualizadas em média por cerca de 10 milhões de pessoas.
Quem
comentou a importância desta presença de Francisco nas redes sociais, no ano passado, foi o
secretário para a Comunicação da Santa Sé, Dom Lucio Adrian Ruiz. Ele comentou naquela época o encontro do Papa, com o fundador do Instagram,
Kevin Systrom.
Confira a entrevista realizada por Alessandro Gisotti, da Rádio Vaticano:
Dom
Lucio Adrian Ruiz:
Há um ano estava iniciando a conta no Instagram. As recordações são tantas! Foi um tempo
muito rico. Porém, a coisa mais bela de todas foi o encontro com o Santo Padre,
quando Kevin Systrom, (co-fundador do Instagram)
veio e apresentou a ideia ao Santo Padre, com o objetivo principal de poder
comunicar uma mensagem com a imagem. O Santo Padre respondeu falando da
teologia da imagem, como a Igreja sempre viveu a imagem como o modo de ser
próxima ao povo e até mesmo de fazer catequese. Ele contou as pinturas das
igrejas e uma experiência importante. Disse: “É tão importante a imagem no
mundo que quando eu me aproximo das crianças, as crianças não querem falar
porque são tímidas, mas me trazem um desenho e então eu pergunto a elas: ‘o que
significa essa imagem?’. E depois ali se dissolvem e alguém precisa pará-las
porque começam a contar tantas coisas sobre si…’. ‘O ponto de acesso a um
diálogo – diz – é a imagem, portanto devemos fazer esse projeto’”.
Francisco
começou no Instagram
com essa mensagem: “Quero acompanhar-vos no caminho da misericórdia e da
ternura de Deus”. Vale a pena recordar que estávamos em pleno Jubileu da
Misericórdia. Mas é possível levar esta ternura de que fala o Papa também nas
redes sociais?
Dom
Lucio Adrian Ruiz:
Sim, absolutamente. Nas respostas que acompanhamos todos os dias, também para
dar ao Santo Padre uma síntese daquilo que milhões de pessoas escrevem, nos
pontos mais importantes, vimos como o povo acolheu plenamente esta ideia.
Toca-nos muito como diante de uma mensagem que se quer transmitir, quando o
Papa, por exemplo, está beijando uma pessoa, um doente, abraça-o, abençoa-o, há
expressões como: “Este abraço é todo meu…Obrigado por este abraço: hoje eu
precisava disso”. O povo, vendo ali o Papa que abraça o outro, sente este
abraço como seu. E talvez tenha alguém que está em um hospital, pessoas que
nunca poderão vir a Roma e encontrar o Papa e que vivem aquela pequena
expressão digital como uma experiência que fazem sua.
Há
uma imagem, entre tantas que vimos neste ano na conta Franciscus,
que o tocou?
Dom
Lucio Adrian Ruiz:
Quando ele reza, porque transmite este sentido do mistério de estar recolhido
com Deus: colocar na internet aquele momento profundo que cria esta reação de
recolhimento, de oração…E depois tantas outras imagens que são muito fortes,
que tocam muito, são quando acaricia alguém, um idoso, um doente, uma criança:
há estes grandes abraços, que se tornam uma teologia do corpo feita e vivida
com simplicidade.
Este
Papa gera imagens que tocam a mente e o coração das pessoas, também dos
não-crentes. Para dizer a verdade, gera imagens também com as palavras:
pensemos nas homilias de Santa Marta. Que lições oferece aos comunicadores e,
em particular, propriamente aos comunicadores cristãos?
Dom
Lucio Adrian Ruiz:
Estamos na cultura digital. Como dizia Papa Bento XVI, há um “continente
digital”, uma realidade na qual devemos entrar e viver porque, se o homem está
ali, a Igreja não pode não estar ali e deve estar na própria dinâmica com a
qual os missionários o faziam quando descobriam um outro continente, uma outra
realidade. O que faziam os missionários? Estudavam sua cultura, sua língua de
tal maneira que conhecendo-os pudessem levar Jesus a eles. Do mesmo modo, se
estamos diante de uma cultura que é digital com pessoas que habitam nestes
ambientes digitais, nós devemos aprender aquela linguagem, fazer Jesus
presente, mas naquela cultura, porque esta é a dinâmica da Encarnação. O Verbo
se fez carne, portanto habitou entre nós, tomou a cultura daquela época, falou
aquela língua…Este é um dever da Igreja: sempre inculturar-se em
todo tempo, também para dar uma mensagem de esperança. Qual é a missão dos
comunicadores? Poder transmitir a esperança do Evangelho mesmo nesta realidade.
A nossa missão é essa; portanto, a primeira coisa é conhecer a linguagem, esta
cultura, estas dinâmicas, porque não é simplesmente uma transposição de um meio
a outro, não é colocar uma parte em outra, porque assim não funciona, não se
pode entender, não se pode seguir! Há uma linguagem que lhes é própria e que
portanto devemos aprender; há uma dinâmica que lhes é própria – e que devemos
aprender; aprendendo, veicular com esta linguagem uma palavra de amor.
Segundo
a Secretaria para Comunicação da Santa Sé, 65% dos seguidores são mulheres, e
35% homens. A faixa etária da maioria dos seguidores no Social Media de imagens
é de 18-24 anos e 25-34 anos. Os países com o maior número de seguidores são:
Brasil, Estados Unidos, Colômbia, Itália e México.
Na
ocasião da abertura da conta, o Prefeito da Secretaria para a Comunicação,
Monsenhor Dario Edoardo Viganò,
sublinhou que a iniciativa é voltar a “contar um pontificado através de
imagens, para entrar nos gestos da ternura e da misericórdia todas as pessoas
que desejam acompanhar ou que são desejosas de conhecer o Pontificado do Papa
Francisco”.
A
Secretaria informou ainda que, por desejo do Pontífice, a coordenação das
contas papais no Twitter, @Pontifex, e
no Instagram, @Franciscus, foi
confiada à Secretaria para a Comunicação da Santa Sé, em colaboração com a
Secretaria de Estado.
Fonte: Canção Nova