Querendo explicar um pouco laicamente, a irmã Elvira de Witt é uma espécie de “olheira da série A”. Mas ela não está à procura nos campinhos de futebol da nova “Mão de Deus”, ou seja, do Maradona do futuro: pelo contrário, ela está “farejando” as almas que tiveram o chamado divino. Desde jovem, a irmã Elvira era cantora lírica.Mas nela, a estatura e o timbre da voz sugerem ainda complexas partes de contraltos. Porque é a essa mulher enérgica e de sorriso contagioso – e não só a ela – que o Ateneu Pontifício Regina Apostolorum, na via Aurelia, em Roma, se confia para promover um resultado de algum modo milagroso: conter a hemorragia de vocações que, em poucos anos, corre o risco de esvaziar conventos e abadias.
Fonte: site da Comunidade Shalom: Blog Shalom - Carmadélio
Assim, hoje, a ex-cantora lírica sobe à cátedra para a aula magna do Ateneu Pontifício, Instituto Superior de Ciências Religiosas, para contar a sua experiência feita de horas e horas diante do computador. Entre chats e possíveis noviças.
“Ela tem um blog totalmente seu, e muitas jovens que lhe escrevem. Graças à irmã Elvira, há pelo menos algumas entradas no convento a cada ano”, diz German Sanchez, diretor do Instituto, leigo consagrado e pertencente à ordem Regnum Christi.
O ateneu na Aurelia é dirigido pela congregação dos Legionários de Cristo.
“O próprios conventos – explica Sanchez – se dirigiram ao nosso Instituto para organizar o seminário, pegos de improviso e assustados pela penúria das novas entradas”.
Nos últimos 15 anos, pouquíssimas foram as jovens italianas que escolheram se dedicar completamente a Deus.
Segundo o anuário da USMI, União das Superioras Maiores da Itália, no país há 90 mil irmãs, 7 mil das quais são de clausura. “Uma comunidade feminina que está sempre mais envelhecendo”, diz Fabrizio Mastrofini, que escreveu um livro de título emblemático: “Per Sempre? Come sono cambiati i frati e le suore in Italia” [Para sempre? Como os freis e as irmãs mudaram na Itália], relatando as dificuldades e os limites de quem escolhe a vida monacal.
Mas, para o diretor Sanchez, o segredo da abordagem com uma possível irmã está no carisma. “Uma irmã deve ter uma forte identidade do ponto de vista religioso e psicológico”, diz. “Deve estar orgulhosa com a sua própria ordem, sem dar uma visão opaca ou muito leve dela. E deve saber conhecer a jovem de hoje com todas as suas riquezas e contradições. Só assim poderá se aproximar das mulheres e entender se, naqueles olhos, há uma vocação”.
Tonino Cantelmi , professor de psicologia da vida consagrada, fala de “mundo líquido”. “Na nossa sociedade, as jovens, muito frequentemente, não tem nenhum ponto de referência familiar”. Frágeis, com uma adolescência mais longa do que as outras gerações, “as jovens tem necessidade de serem acompanhadas e de ter uma identidade clara”, destaca Cantelmi, que também escreveu o livro “La vita consacrata come risposta ai problemi del nostro tempo” [A vida consagrada como resposta aos problemas do nosso tempo]. Um volume que, quando o professor termina sua fala no curso, muitas decidem comprar.
Mas para contar qual pode ser o caminho para encontrar a vocação haverá também um representante de produtos de beleza. “Nesta quinta-feira, Andrea, um belo jovem e motorista, voluntário das ambulâncias – explica Sanchez – dará o curso ‘Promotores vocacionais entre cosméticos e bares’“. Ele irá explicar à plateia como, graças ao seu trabalho sempre em contato com as mulheres, fez com que muitas clientes se encontrassem com as irmãs ao longo dos anos. E de como algumas jovens se deixaram conduzir pelo caminho da vocação.
Outro capítulo importante: como dizer à mãe, ao pai ou ao parceiro que se quer deixar tudo para ir para o convento. “É uma passagem delicada. Por isso, a animadora também deve ser uma boa psicóloga – diz Sanchez –, capaz de fazer com que a família da noviça aceite uma decisão muito frequentemente acolhida com dúvidas e desânimo”