Em 2011, precisamente no dia 25 de dezembro, celebramos os 50 anos de convocação do Concílio Vaticano II, por João XXIII, através da bula Humanae salutis. Neste ano corrente, é preciso verificar a atualidade desse que é o Vigésimo Primeiro Concílio Ecumênico da Igreja Católica.
A renovação pastoral trazida pelo Vaticano II fez com que a Igreja descobrisse, cada vez mais, a urgência e a necessidade de desenvolver uma atividade evangelizadora que fosse eficaz e que respondesse aos interrogativos, expectativas, preocupações e perplexidades da cultura hodierna. Encontramo-nos imersos num momento cultural fortemente marcado e criado, de certo modo, pela Comunicação, que, nos últimos tempos, adquiriu a grande força de condicionar e estimular o curso da história humana e, consequentemente, também aquele da Igreja Católica.
Devemos dizer aqui também que o período sucessivo à celebração do Concílio Vaticano II representa um dos momentos mais ricos e fecundos da caminhada eclesial, especialmente no Brasil. No caso específico do Brasil, o Concílio foi preparado pela intensa renovação já em ato desde a década de cinquenta. E as relações entre a Igreja Católica no Brasil e a Comunicação se inserem dentro deste quadro de renovação.
Por outro lado, estes são anos bastante turbulentos, pois abarcam um período de profundas transformações tanto do ponto de vista sócio-político-econômico-cultural-ético, como do ponto de vista eclesial, não sem uma forte e grave influência da Comunicação.
É sabido como a repercussão do Concílio Vaticano II na América Latina foi intensa. O Brasil não ficou à margem desta grande movimentação. Pelo contrário, podemos até atribuir-lhe um papel de liderança no Continente, devido a um episcopado lúcido, organizado e atuante, como também a um povo de grande tradição Cristã-Católica e desejoso de encontrar no Evangelho uma motivação e um sustento na luta por uma transformação da própria realidade tão sofrida e explorada.
Bispos, presbíteros, diáconos, agentes de pastoral, mulheres e homens de fé estiveram muito envolvidos em toda esta recente história, não só sendo abertos e receptivos às novas ideias e transformações, mas sendo eles próprios operadores ativos deste processo histórico. É, portanto, este um período bastante significativo e fecundo no diálogo entre Igreja e Comunicação.
Impulsionada pelo Concílio, a Igreja Católica tem se esforçado em compreender os novos desenvolvimentos culturais da pós-modernidade e o papel fundamental que a Comunicação desenvolve nesta. Iniciando um processo de nova consciência eclesial, na qual ela seja capaz de criar uma planificação pastoral comunicacional que a coloque em diálogo e salutar debate com a cultura e a sociedade midiática atual (aqui, sem dúvida, insere-se a importância dos mutirões já realizados e do próximo que celebraremos).
Somente assim, Comunicação e Comunhão serão sinônimos, e a Igreja Católica compreenderá os desafios e os interrogativos que lhe são apresentados, oferecendo aquelas palavras de vida eterna que somente Jesus Cristo, o Santo de Deus, pode comunicar e da qual ela é legítima depositária.
Prof. Dr. Pe. Abimar Oliveira de Moraes
Departamento de Teologia PUC-Rio
Fonte: MUTICOM