Os textos estavam na Biblioteca Apostólica Vaticana, provenientes do Fundo Palatino e protegidos por rígidas medidas de segurança e de conservação, podendo ser consultados apenas por 250 especialistas qualificados a cada dia. Com este projeto, as páginas destes documentos digitalizados com tecnologia da NASA e organizados num banco de dados, poderão ser visualizadas por qualquer pessoa.
Para a sua digitalização foi empregada a tecnologia FITS (Sistema de Transporte Flexível de Imagens), desenvolvida pela NASA há 40 anos, para conservar imagens de suas missões espaciais. O serviço foi contratado em outubro de 2011, para evitar a deterioração dos manuscritos devido às prolongadas consultas por parte dos especialistas.
O projeto começou a dar certo depois do acordo entre a Biblioteca Vaticana e a Biblioteca Boldleian de Oxford, que em 2012 estabeleceu a disponibilização de seus textos na internet para consultas gratuitas.
Estes 256 manuscritos é apenas uma primeira etapa de um projeto mais amplo que prevê a digitalização de 80 mil textos conservados no acervo da Biblioteca dos Papas, graças à ajuda de alguns patrocinadores e com o uso de novas tecnologias.
Material raro
O material inclui obras de Homero, Platão, Sófocles, Hipócrates, alguns dos manuscritos judeus mais antigos conservados, além dos primeiros livros italianos impressos durante o Renascimento.
A Biblioteca dos Papas foi criada em 1450 pelo Papa Nicolau V, nos fundos de sua biblioteca pessoal. Posteriormente ela foi dotada de um estatuto jurídico. Entre suas preciosidades encontra-se o ‘Codex Vaticanus’, o primeiro testemunho em grego da Bíblia de que se tem notícias.
O que diz o Prefeito da Biblioteca Vaticana
Em entrevista à Rádio Vaticano, o Prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana, Dom Cesare Pasini, falou sobre os motivos de colocar esse acervo à disposição de todos na na web: “É a filosofia de sempre da Biblioteca Apostólica Vaticana, nascida com Nicolau V, Com Sisto IV e mais adiante com Sisto V, segundo a qual estes bens da humanidade são tornados acessíveis àqueles que os queiram utilizar, conhecer e estudar. Inicialmente, naqueles séculos, era necessário vir a Roma e aqui consultá-los, mas as consultas e o acesso eram livres. Hoje o é da mesma forma: basta ter as características de uma pessoa que tenha conhecimento da abordagem desta documentação tão complexa. Ter esta liberdade de acesso aos manuscritos, na modalidade moderna, significa fazê-los chegar também através a web, com imagens digitalizadas”.
Dom Cesare Pasini dá exemplo de um manuscrito raro que ele acha interessante: “Existe, por exemplo, um famoso, que faz parte da coleção dos manuscritos palatinos, indicado como ‘De arte venandi cum avibus’, isto é, ‘caça aos pássaros’: um famoso volume de Federico II, ilustrado com particularidades muito detalhistas sobre como eram representados os pássaros e como se fazia a caça. Este, talvez, seja o mais famoso entre os 256 manuscritos colocados na web agora. Depois, existem aqueles manuscritos medievais, usados nos mosteiros…”!
Sobre a expansão desse projeto de digitalização, Dom Cesare Pasini comenta: “Estamos digitalizando manuscritos chineses, manuscritos do Grupo Alamire, de um músico e copista de manuscritos musicais. Depois, existe um grande projeto ligado a uma colaboração com a Biblioteca de Oxford. Serão digitalizados ainda os incunábulos, os manuscritos gregos, possivelmente também os manuscritos hebraicos”.
Fonte: Comunidade Shalom/Blog Carmadélio